5/01/2024

Eclesiastes: Sabedoria, Prazer e Trabalho

O Pregador agora detalha sua busca: “esquadrinhar com sabedoria tudo o que se faz debaixo do céu” (Eclesiastes 1:13). Nesta seção, o Pregador nomeia três “vaidades” que ele descobriu. Curiosamente, o primeiro deles é a busca pela própria sabedoria. Ele escreve que “na muita sabedoria há muita angústia” (v. 18). Por que? O Pregador percebe que compreender verdadeiramente a vida é compreender em maior medida as suas tragédias e dores. Por ser sábio, ele sabe que “o que é torto não pode ser endireitado” (v. 15). Em sua busca por compreensão, ele se entregava a todos os prazeres que desejava: buscava dinheiro, sexo e poder, e obtinha mais de cada um deles do que qualquer outra pessoa. No entanto, quando considerava tudo o que possuía e realizava, sentia-se vazio. Isso leva o Pregador a reconsiderar sua busca pela sabedoria, mas fica frustrado. Ele é lembrado de que os tolos e os sábios sofrerão o mesmo destino final e serão esquecidos. O Pregador percebe então a terceira vaidade: o trabalho. Ele considera uma tragédia ter trabalhado tanto apenas para deixar suas conquistas nas mãos de alguém que não as mereceu e que pode acabar sendo um tolo. Sua conclusão é que aproveitar a vida é a resposta para esse desespero. Aproveitar a vida e os resultados do nosso trabalho é uma dádiva de Deus. Buscar qualquer coisa por si só levará ao desespero.

Em Eclesiastes 1:12–2:26, ​​o Pregador nos diz que lutar por qualquer coisa que não seja Deus é vaidade e não pode satisfazer.

Ao longo do capítulo 2, o Pregador repete consistentemente: “Tudo era vaidade e uma luta pelo vento”, bem como: “Não havia nada a ganhar debaixo do sol”. O Pregador declarou que explorará a sabedoria e a loucura (1:17; 2:3, 12). Quais são suas conclusões sobre sabedoria e loucura? Como o Pregador vê a sabedoria e a loucura nesta seção, especificamente em 2:13–16?

Em 2:17, o Pregador diz que “odiava a vida”. O que ele quer dizer com esta afirmação? Como essa forma de “ódio” difere daquela encontrada em Lucas 14:26, onde Jesus declara: “Se alguém vier a mim e não odiar a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, sim, e até sua própria vida, ele não pode ser meu discípulo”?

SOB O SOL E SE ESFORÇANDO APÓS O VENTO. “Tenho visto tudo o que acontece debaixo do sol, e eis que tudo é vaidade e correr atrás do vento” (1:14). Estas metáforas enfatizam duas coisas: o significado duradouro da Terra e, em comparação, a natureza efémera da humanidade. Desejamos ter um significado duradouro, como o da Terra, mas não podemos alcançá-lo. Nossos esforços são tentativas fracassadas de alcançar essa permanência. Não podemos pegar o vento. Não podemos alcançar o significado duradouro do sol e do seu impacto; em vez disso, trabalhamos sob ele. Eclesiastes foi escrito para que nos desesperemos em nós mesmos e dependamos de nosso Deus alegre e de sua abençoada vontade para nossas vidas. Qualquer coisa além da dependência e confiança em Deus é uma tentativa de compreender o inatingível. O único remédio para a falta de sentido e a depressão causada pela vida após a queda é Deus. Referindo-se a si mesmo, Jesus ensinou: “Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho, salvá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Marcos 8:35–36).

REI HUMILDE. A autoindulgência deste rei reflete a inclinação natural do coração humano quando não controlada (1:1; 2:1-11). Em contraste, Jesus ensinou e incorporou a abnegação e o serviço amoroso aos outros (João 13:3–14). Considere Filipenses 2:1–11. Apesar da sua igualdade com Deus, Cristo “esvaziou-se” dos privilégios celestiais, assumindo a forma de servo e humilhando-se até à morte. O ponto mais baixo da humilhação de Cristo foi a crucificação, um meio violento de punir e degradar o mais humilde dos criminosos. No entanto, Deus elevou Jesus a um eventual louvor universal. Através do maior ato de humildade, Jesus levou o castigo por todos os nossos desejos vangloriosos e prazeres ímpios, para que através da fé neste evangelho (Filipenses 1:27) pudéssemos nos revestir de toda humildade (Colossenses 3:12), morrer pecar e viver para a justiça (1 Pedro 2:24).

ESPERANÇA PARA CORAÇÕES ANSIOSOS. Neste mundo caído, muitos estão sobrecarregados com diversas ansiedades, medos e problemas. Em Eclesiastes 2:23, o Pregador escreve: “Todos os seus dias são cheios de tristeza e o seu trabalho é um aborrecimento. Mesmo durante a noite seu coração não descansa. Isso também é vaidade.” A forma de combater a ansiedade não é esquecer nossos problemas ou aumentar nossa autoconfiança. A libertação do medo vem através da esperança em Deus e nas suas promessas. A cruz de Cristo mostra que Deus realmente veio para nos salvar. Não importa quão incerto seja o nosso futuro imediato, podemos confiar que ele está conosco, é por nós e nunca nos deixará nem nos abandonará.

LABUTA. Em Eclesiastes 2:18–23, o Pregador descreve a frustração do trabalho, a vaidade do trabalho árduo. Deus deu a Adão trabalho para realizar antes da queda (Gn 2:15), mas parte da punição por seu pecado foi que agora ele se tornaria um trabalho penoso (3:17-19). Ambas as realidades são confirmadas na experiência do Pregador, pois ele considera seu trabalho satisfatório (Eclesiastes 2:10, 24; 3:22; 5:18-20; 9:9-10) e agravante (2:18). –23; 4:4ss.). O trabalho árduo é um sinal da maldição. Mas Isaías aponta para a reversão da maldição ao exultar com o futuro florescimento da terra, quando “o deserto e a terra seca se alegrarão; florescerá abundantemente” (Isaías 35:1–2). A maldição sobre toda a criação, e sobre todos nós, um dia será suspensa, mas apenas porque Jesus se tornou uma maldição por nós (Gálatas 3:13).

COMER E BEBER. Nesta passagem, o Pregador conclui: “Não há nada melhor para uma pessoa do que comer, beber e desfrutar do seu trabalho” (Eclesiastes 2:24). Em Gênesis, lemos sobre a refeição compartilhada entre Adão e Eva que abriu seus olhos para a nudez e a vergonha (Gn 3:6). Por estarem comendo em desobediência, a refeição teve consequências desastrosas para a humanidade. No entanto, Deus, através de Cristo, redimiu o nosso comer e beber. No Novo Testamento, vemos Jesus relacionando diretamente o seu comer e beber com a sabedoria (Mateus 11:16–19). Então, na Última Ceia, Jesus instituiu uma refeição compartilhada que seus discípulos usariam para comemorar sua morte e ressurreição até seu retorno (Lucas 22:14–20). Após a sua ressurreição, Jesus partilhou uma refeição com os discípulos (Lucas 24:30-31) e abriu-lhes os olhos para o Cristo ressuscitado no meio deles. Finalmente, em Apocalipse, lemos sobre uma grande refeição compartilhada – a ceia das bodas do Cordeiro (Ap 19:6–9). Quando a presença de Deus habitar plenamente na nova terra, veremos provisão de alimento e cura que durará por toda a eternidade (22:1-2). Nosso comer e beber aqui e agora simplesmente prenuncia uma vida de comer e beber na presença de Deus que está por vir.

A HUMILIAÇÃO DE CRISTO. A vida de Jesus foi repleta de rejeição, solidão, pobreza, perseguição, fome, tentação, sofrimento e morte. Jesus tomou para si uma natureza humana plena e completa, incluindo um corpo físico, para representar verdadeiramente a humanidade (Fp 2:6; Hb 2:17). A sua humilhação atingiu a maior profundidade quando ele deu a vida na cruz pela humanidade pecadora. A cruz está no centro da história humana como o supremo ato de amor de Deus (1 João 4:10, 17).

O PROPÓSITO DA HUMANIDADE. Ao criar o homem e a mulher e colocá-los num jardim para serem cultivados (Gênesis 2), vemos a intenção original de Deus para a humanidade. Fomos originalmente criados para a alegria na comunhão com Deus (Sl 36.8-9) e para a capacidade de trabalhar sob e para Deus de uma forma significativa e gratificante. Nosso trabalho foi significativo porque fazia parte do plano de Deus (Gn 1:26–28), e se nossos primeiros pais tivessem escolhido ser frutíferos e multiplicar-se, eles teriam continuado a desfrutar da presença de Deus no jardim à medida que este crescia para preencher o jardim. terra. Nesse estado, homens e mulheres teriam sido capazes de glorificar a Deus e desfrutá-lo para sempre através do cultivo significativo da criação. Após a queda (Gn 3:1-7), ainda nos esforçamos para cultivar a criação de forma significativa, mas estamos continuamente frustrados nesse esforço (vv. 16–19). Ainda nos esforçamos para ter relacionamentos significativos e agradáveis, mas há conflitos entre nós (Gênesis 4). Dentro destes limites, vivemos a nossa vida debaixo do sol, olhando com esperança para um dia em que viveremos plenamente na alegria da comunhão com Deus e com os outros e participaremos no cultivo de uma nova criação que durará para sempre (Apocalipse 21– 22).

Reserve um tempo para refletir sobre as implicações de Eclesiastes 1:12–2:26 para sua vida hoje. Pense no que você aprendeu durante sua vida que pode levá-lo a louvar a Deus, arrepender-se dos pecados e confiar em suas graciosas promessas.


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