5/27/2024

Eclesiastes: Resumo e conclusão

Foto do site maravilhoso bíblia florida

O refrão “tudo é vaidade” está presente em todo o Eclesiastes. O Pregador coloca sete problemas da vida humana: a vaidade do trabalho e dos esforços humanos (1:12–2:26), a ignorância da humanidade sobre o futuro (3:1–15), a presença de injustiça no mundo (3:16–22), a busca por riqueza (5:9–19), a maldade impune (8:10–15), o destino comum dos humanos (9:1–10) e a brevidade da vida humana (11:7– 12:7).

O Pregador enfatiza “tudo é vaidade” tão fortemente que ele deveria ser um professor de pessimismo incessante (alias para mim que sou fã desse ramo filosófico é um prato cheio). Contudo, além e apesar das sete vaidades destacadas acima, o Pregador também recomenda a busca pelo prazer (2:24; 3:12, 22; 5:17; 8:15; 9:7-9; 11: 7–12:1). O tema dos dons de Deus ocorre frequentemente nessas passagens. A oportunidade de aproveitar a vida é um presente dado pelo próprio Deus. Esta é a principal razão pela qual o Pregador recomenda a busca do prazer: é um dom de Deus.

As coisas boas que Deus nos deu são destinadas ao nosso desfrute. Desfrutá-los é fazer a vontade de Deus. Devemos aceitar a nossa ignorância dos propósitos de Deus e das razões pelas quais ele permitiu a existência do mal. Assim, por inúmeras razões, devemos encarar a vida como a encontramos e aproveitar o que pudermos. Primeiro, não podemos mudar a sorte que Deus escolheu para nós (2:26; 3:14, 22; 5:18; 9:9). Segundo, não podemos saber o que Deus tem reservado para nós (3:11, 22; 8:14). Terceiro, a vida é curta e a morte inevitável (5:17; 9:9; 11:9; 12:1). Estes são incentivos para desfrutar ainda mais o que Deus dá no presente. O reconhecimento de que o trabalho árduo faz parte do que Deus nos concedeu nesta vida, e que a confiança nos nossos próprios esforços é em vão, permite-nos encontrar prazer mesmo no nosso trabalho.

A falta de sentido que o Pregador descreve tão graficamente e que o enche de tanto desespero é uma imagem de viver neste mundo caído e sem Deus. É um ensinamento fundamental de Gênesis 1 e 2 que Deus criou o mundo e o chamou de “bom”. A Bíblia começa com Deus, o soberano e bom criador de todas as coisas: “No princípio, Deus criou os céus e a terra” (Gn 1:1). A obra criativa de Deus, da luz à terra e às criaturas vivas, é chamada de “boa” (Gn 1:4, 10, 12, 18, 21, 25, 31).

Gênesis 3 registra o dia terrível em que a humanidade caiu em pecado e quando shalom (paz) foi violada. A humanidade caiu e foi submetida à maldição de Deus. Isso trouxe ao mundo falta de sentido, vaidade e frustração. O resto da Bíblia descreve esta frustração a que o mundo foi submetido.

O Pregador está certo quando diz que um mundo que não leva Deus em conta não tem sentido. Contudo, o Novo Testamento diz-nos que o mundo não está apenas sujeito a ciclos intermináveis ​​de falta de sentido. Há algo novo na pessoa de Jesus Cristo. Ele nos resgatou da falta de sentido da maldição que nos assola.

Cristo nos resgatou da vaidade do mundo, submetendo-se a essa mesma vaidade. Aquele que é Deus escolheu sujeitar-se às condições de um mundo sob a maldição da aliança, a fim de resgatar o mundo dos efeitos dessa maldição (Gálatas 3:13).

A vida de Cristo pode ser vista como um registro da passagem de uma situação de vaidade mundana para outra. Ele veio ao mundo, mas o mundo não o reconheceu (João 1). Sua futura mãe não conseguiu encontrar um lugar para descansar para dar à luz. Sua vida passa de uma rejeição a outra, culminando na última semana, quando o povo retira seu apoio a ele, seus discípulos o abandonam, Judas o trai e Pedro o nega. Mas a experiência final do mundo sob a maldição da aliança, o mundo da vaidade, é quando o Pai se afasta de Jesus na cruz e clama: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” Neste ponto, Jesus morre, e ele morre com um propósito: resgatar-nos dos efeitos da maldição.

Jesus nos ensinou a ler a Bíblia pensando nele (Lucas 24:44). Nossa busca pela vida eterna, descanso, alegria e justiça nos leva além da sujeição da criação à futilidade, para Cristo (Romanos 8:20). O movimento para Cristo não se dá por declaração direta, mas pelas palavras do “filho de Davi” (Eclesiastes 1:1) que revelam a futilidade de tudo o que não é de Deus. Ao longo de Eclesiastes, somos levados a outras respostas, outras soluções e outra sabedoria além das vãs promessas de satisfação, felicidade e realização do mundo. Eclesiastes obriga-nos a ansiar e a olhar para Aquele em quem se encontra a verdadeira vida. Nossos olhos são repetidamente levados ao céu em busca da provisão final e eterna de Deus, da qual Cristo se torna a revelação final (2Co 4:6; Ef 1:17). Ele é o sábio supremo do mundo (Mateus 7:24-27), bem como a personificação e demonstração definitiva da “sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:24, 30; Colossenses 2:3).

Eclesiastes contribui significativamente para a teologia cristã. Numerosas doutrinas e temas são esclarecidos e reforçados ao longo de Eclesiastes, como Deus, a providência, a criação, a queda e a pecaminosidade da humanidade.

E para quem acompanhou até agora, se quiser deixar algum comentário ou responder algumas dessas próximas perguntas se sintam a vontade!

Eclesiastes trouxe nova clareza à sua compreensão da graça de Deus? Se sim, como?

Houve alguma passagem ou tema específico em Eclesiastes que trouxe o evangelho para você de uma maneira nova?

Houve algum tema enfatizado em Eclesiastes que o ajudou a aprofundar a sua compreensão da unidade da Bíblia?

Houve alguma conexão bíblica que você fez através de Eclesiastes que você não tinha notado antes?

Que conexões entre Eclesiastes e o restante do Antigo Testamento eram novas para você?

Que conexões entre Eclesiastes e o Novo Testamento eram novas para você?

Como Eclesiastes contribui de forma única para a sua compreensão de Deus, da criação, da humanidade e de Jesus?

O que especificamente Eclesiastes nos ensina sobre a condição humana e a nossa necessidade de redenção?

Que temas teológicos mais impressionaram você em Eclesiastes?


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