Quão bom é ser encontrado quando se está perdido. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações. 2 Coríntios 1:3,4

4/28/2024

Eclesiastes: Tudo é vaidade

 


Eclesiastes começa com “Tudo é vaidade” (1:2) e termina com a mesma declaração (12:8). O Pregador diz que tudo não tem sentido sem um foco adequado em Deus. Este tema é estabelecido e explicado em 1:4-11, com o versículo 4 fornecendo a tese: “Uma geração vai, e uma geração vem, mas a terra permanece para sempre”. As pessoas são temporárias, mas a terra é duradoura. Eclesiastes 1:5–7 dá exemplos de sistemas ou aspectos da Terra que demonstram essa verdade. Os versículos 5 e 6 estabelecem duas metáforas centrais que permeiam o resto do livro: o vento e o sol. Eles aparecem ao longo do livro nas frases “lutando com o vento” e “debaixo do sol”. Estas metáforas enfatizam duas coisas: o significado duradouro da Terra e, em comparação, a natureza efémera da humanidade.

As pessoas gostariam de fazer algo novo, de serem lembradas por darem uma contribuição significativa ao mundo; eles anseiam e lutam por um significado duradouro, mas não conseguem alcançá-lo (vv. 8–10). Nossos esforços são como lutar contra o vento – tentativas de imortalidade que inevitavelmente falham. Não se pode pegar o vento – ele está aqui em um minuto e desaparece no minuto seguinte, tão fugaz quanto a vida humana. Tudo o que é feito “debaixo do sol” sofre o mesmo destino. Trabalhamos sob o sol, mas nunca teremos o significado ou o impacto que ele tem. Não importa quão grandes sejam as suas realizações, os humanos não alcançarão o significado duradouro que desejam. Eclesiastes 1:11 deixa clara essa conclusão.

Esta seção de Eclesiastes declara a vaidade de tudo e a negação do significado ou da satisfação na vida, por si só.

Reflexão e Discussão
Leia a passagem completa deste estudo, Eclesiastes 1. Em seguida, revise as perguntas abaixo relativas a esta seção de Eclesiastes e reflita, ou se quiser, escreva suas anotações sobre elas.

1. Quem é o Pregador e por que ele é importante?

2. Em Eclesiastes 1:2, o Pregador (hebraico Qoheleth) emprega duas vezes a frase “vaidade das vaidades”. O termo hebraico traduzido aqui, hebel, pode referir-se à vaidade, sopro, névoa ou falta de sentido e é usado mais de 30 vezes em Eclesiastes. O que esta frase representa?

3. No final do versículo 2, o Pregador indica: “Tudo é vaidade”. Olhando para o restante do capítulo 1, por que o Pregador faria esta afirmação?

4. No versículo 3 o Pregador pergunta: “Que ganho é o trabalho?” Esta pergunta é repetida em Eclesiastes (3:9; 5:15; 6:11; 10:11). Porque é que o Pregador questiona o significado do trabalho das pessoas e afirma a inutilidade da vida e da criação? Deveriam seus pronunciamentos nos levar ao desespero?

5. O versículo 11 diz que poucas pessoas causam qualquer impacto significativo no curso da história mundial, enquanto a maioria vive e morre na obscuridade. Como o versículo 11 esclarece o ponto introduzido no versículo 4 e reforçado ao longo desses versículos poéticos?

Leia as três seções a seguir sobre Vislumbres do Evangelho, Conexões com toda a Bíblia e Sondagens Teológicas. Então reserve um tempo para considerar as implicações pessoais que essas seções podem ter para você.

Vislumbres do Evangelho
ANSIEDADE DE GRAÇA. Esta passagem destaca a futilidade da vida e da criação que todos sentimos. Devido à tirania do tempo que corrói e substitui tudo o que distingue a realização humana, nosso trabalho pode ser resumido como “nada de novo” (v. 9) e nada lembrado (v. 11). Há um elemento cíclico e rítmico na criação que parece fútil. As estações sempre mudam. Os riachos continuam a fluir, embora o oceano nunca se encha. Gerações vêm e vão e repetem os erros do passado. Enquanto isso, a terra fica parada e zomba de qualquer ideia de progresso. A passagem evoca um anseio por graça e significado. Esta observação geral da futilidade da realização humana faz com que o coração anseie pelo forte contraste da obra de Jesus para, em e através de nós, que é nova e será lembrada para sempre. Quando passamos a acreditar em Jesus – participando da nova aliança que dá novo nascimento, nova vida e um novo mandamento – entramos numa nova força de trabalho. Agora, o que fazemos é importante, pois é feito por causa do evangelho e da glória de Deus (por exemplo, Mateus 25:40; 26:10–13). Em Cristo, nosso trabalho não é em vão (Salmo 112; 1Co 15:58).

SATISFAÇÃO FINAL E DURADOURA. A satisfação final e duradoura é encontrada somente em Cristo e no desfrute dos dons de Deus através dele (Ap 22:17). Independentemente do mistério da nossa união com Jesus, até os melhores dons da criação nos falharão. Se negligenciarmos Deus em nossa busca pela alegria, tudo de bom na vida – por exemplo, saúde, posses, prazeres sensuais – escapa ao nosso alcance ou não nos satisfaz. Mas se percebermos que o que temos é a provisão de Deus e dermos “graças a Deus, o Pai” – em última análise, através de Cristo (Colossenses 3:17) – por todas as suas dádivas, então tudo o que recebermos dele será visto como uma dádiva que traz verdadeira alegria - alegria em Deus. Nas palavras de Jesus: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mateus 5:6). Nosso trabalho no Senhor tem significado mesmo quando não parece: “Sede firmes, inabaláveis, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que no Senhor o vosso trabalho não é vão” (1 Coríntios 15: 58).

Conexões com toda a Bíblia
FUTILIDADE. Por causa da desobediência de Adão e Eva no jardim, a criação foi colocada sob a maldição da queda (Romanos 8:20-21). Para Adão em particular, o solo que ele foi encarregado de cultivar produziria espinhos e abrolhos (Gn 3:17-18). Este tema da futilidade pode ser rastreado em todas as Escrituras, pois a “futilidade” pode caracterizar quase tudo o que é buscado à parte de Deus. Sem Deus, nossos pensamentos e atitudes são fúteis (Sal. 94:11; Isa. 16:6, Jer. 48:29–30; Lucas 1:51–52; Romanos 1:21; Efésios 4:17–18). Sem Deus, nosso trabalho é fútil (Sl. 39:6; 127:3; Hab. 2:13; Tiago 1:11). Sem Deus, nossas atividades religiosas são fúteis (1 Reis 18:29; 2 Reis 17:15; Isa. 1:13; 16:12; Jer. 10:5; Atos 5:36–38; Colossenses 2:20– 23). Até mesmo as atividades religiosas cristãs podem ser fúteis longe de Deus (João 15:5; 1 Coríntios 3:12–15; Tito 3:9; Hebreus 4:2; Tiago 1:22–24). Sem Deus, até mesmo a nossa vida é fútil (Jó 7:6–7; 14:1–2; Sal. 39:4–5; 89:47; Isa. 40:6–7; Tiago 4:14). Em última análise, Deus quer libertar-nos da futilidade que permeia as nossas vidas (2 Timóteo 2:21; 1 Pedro 1:18) e, eventualmente, ele conseguirá fazê-lo, trazendo a sua presença à terra tão completamente como as águas. cobrir o mar (Hab. 2:14). Então, nada será feito em futilidade, pois nada será feito sem a presença amorosa de Deus em toda a vida humana glorificada.

A VIDA COMO VAPOR. Em Gênesis 3, Adão e Eva foram submetidos à morte e à decadência como resultado da queda. Em Gênesis 4, seu filho primogênito, Caim, mata seu segundo filho, Abel. Abel, cujo nome em hebraico, hebel, é na verdade a palavra para vaidade em Eclesiastes, nasce e morre em 6 versículos. Sua vida é apenas um vapor, um sopro exalado numa manhã fria. Em Gênesis 5, o ritmo acelera e rapidamente encontramos homens que têm filhos, envelhecem e morrem — vapor após vapor após vapor. A mortalidade humana é estabelecida logo no início do Gênesis.

O REI DAVÍDICO. Eclesiastes começa com o Pregador descrito como “filho de Davi, rei em Jerusalém”. Em Gênesis 1:28 aprendemos que foi confiada à humanidade a tarefa real de “subjugar” e “ter domínio sobre” toda a criação. Depois de Adão, o nosso primeiro rei, ter falhado nesta vocação, Deus prometeu que um rei verdadeiro e melhor viria para vencer o mal e restaurar o domínio da humanidade sobre a terra. A Abraão e Sara, Deus prometeu: “Reis procederão de ti” (Gn 17:6, 16). Esta promessa foi reduzida à linhagem de Judá (Gn 49.10) e, eventualmente, à linhagem de Davi (2Sm 7.12-16). A esperança é sustentada pela promessa de um filho que reinará “no trono de Davi e no seu reino” (Is 9.6-7). Isto aponta para a vinda de Jesus, o filho de Davi, que agora está entronizado “muito acima de todo governo e autoridade” (Efésios 1:20-21) e que “reinará para todo o sempre” (Apocalipse 11:15).

Sondagens Teológicas
MORTALIDADE HUMANA. Nesta passagem, a mortalidade é decretada por Deus (ver Gênesis 3:19; 6:3; Salmos 90:3, 5) e é universal (Eclesiastes 3:20; 1 Coríntios 15:22). Quer queiramos ou não, a morte é inevitável (2 Sam. 14:14; Jó 30:23; Rom. 6:23) e, por causa da queda, é um julgamento de Deus (Rom. 5:12-19); Hebreus 9:27). Mas, tal como a futilidade, a morte não é uma característica original nem permanente da vida humana. Como a mortalidade foi finalmente conquistada na cruz (1 Coríntios 15:51–57), nossa futura habitação com Deus durará por toda a eternidade (João 11:25–26; 2 Timóteo 1:9–10; 1 João 5:11). –12; Apocalipse 22:3–5).

AS REGULARIDADES DA PROVIDÊNCIA DE DEUS. Em Gênesis 8:22, Deus promete a Noé: “Enquanto a terra durar, a sementeira e a colheita, o frio e o calor, o verão e o inverno, o dia e a noite, não cessarão”. Por outras palavras, por causa das promessas de Deus, podemos esperar que o mundo natural apresente certas regularidades. Esta natureza confiável da ordem criada fornece uma base racional para o esforço científico e a experimentação – duas partes de hidrogénio mais uma parte de oxigénio produzem sempre água. E podemos planejar nossas atividades diárias, sabendo que o sol sempre nascerá no horário divinamente determinado. Assim, embora Eclesiastes descreva essas regularidades como um exemplo da vaidade da existência, elas também são exemplos da graça de Deus, mesmo em meio ao seu julgamento. Embora tenha submetido a criação à futilidade (Romanos 8:21-22), ele ainda mantém as regularidades da natureza para que os seres humanos possam depender delas, tornando possível a existência racional do dia-a-dia.

ESTA ERA E A ERA POR VIR. Nestes primeiros onze versículos de Eclesiastes, vemos uma imagem de como é a vida na época atual. Isto é sinalizado pela frase “debaixo do sol”. Esta frase não indica um ponto de vista “secular”, como é frequentemente afirmado (as referências frequentes do Pregador a Deus excluem tal interpretação), mas antes refere-se ao mundo e à humanidade no seu atual estado decaído, tal como o Novo Testamento. expressão “este presente século” (1 Timóteo 6:17; ver também Romanos 8:18; Efésios 6:12; 2 Timóteo 4:10). Como a era vindoura se transformou na era presente com o alvorecer da nova criação em Cristo, há uma tensão. Por um lado, a vida ainda é muito parecida com a descrita por Eclesiastes. Por outro lado, recebemos uma nova vida através do Espírito e, portanto, aguardamos a remoção total do antigo enquanto vivemos na “sobreposição” do novo.

Reserve um tempo para refletir sobre as implicações de Eclesiastes 1:1–11 para sua vida hoje. Reserve um momento agora para pedir a bênção e a ajuda do Senhor para continuar e entender as lições de Eclesiastes, para refletir sobre algumas coisas que o Senhor pode estar lhe ensinando — e talvez para destacar e sublinhar essas coisas para revisar novamente no futuro.


Eclesiastes: Introdução


Eclesiastes afirma poderosa e repetidamente que tudo não tem sentido (“vaidade”) sem um foco adequado em Deus. O livro revela a necessidade de temer a Deus num mundo caído e frequentemente confuso e frustrante.

As pessoas buscam um significado duradouro, mas não importa quão grandes sejam suas realizações, elas são incapazes de alcançar o significado que desejam. O que estraga a vida, de acordo com Eclesiastes, é a tentativa de tirar mais proveito da vida – do trabalho, do prazer, do dinheiro, da comida ou do conhecimento – do que a própria vida pode proporcionar. Isto não é satisfatório e leva ao cansaço, por isso o livro começa e termina com a exclamação “Tudo é vaidade”. Esta frase é repetida ao longo de todo o livro.

Não importa quão sábio, rico ou bem-sucedido alguém possa ser, não é possível encontrar sentido na vida longe de Deus. Em Eclesiastes, o fato de “tudo é vaidade” deveria levar todos a temer a Deus, cuja obra dura para sempre. Deus faz o que quer, e todos os seres e toda a criação estão sujeitos a ele. Em vez de nos esforçarmos em tentativas fúteis de obter significado nos nossos próprios termos, o que é verdadeiramente significativo é ter prazer em Deus e nos seus dons e estar contente com o pouco que a vida tem para oferecer e com o que Deus dá.

Como as outras literaturas sapienciais da Bíblia, Eclesiastes se preocupa em transmitir sabedoria e ensinar as pessoas a temerem ao Senhor. Contudo, Eclesiastes serve de equilíbrio para a sabedoria prática de Provérbios. Embora Eclesiastes considere a sabedoria prática benéfica, esse livro chega a ela por um caminho mais reflexivo. Enquanto Jó pede uma justificação pessoal, Eclesiastes partilha a intensidade de Jó, mas a sua busca é pela felicidade e por algo que perdure. Eclesiastes é consistente com o resto das Escrituras na sua explicação de que a verdadeira sabedoria é temer a Deus mesmo quando não podemos ver tudo o que Deus está fazendo.

Eclesiastes descreve a falta de sentido de viver sem Deus. Vemos que Deus criou o mundo e o chamou de “bom”. Mas apesar desta bondade original, a humanidade caiu em pecado e toda a criação foi submetida à maldição do conhecimento do mal que até então só Deus tinha. Isso trouxe ao mundo falta de sentido, violência e frustração. Graciosamente, Deus não deixou sua criação em um ciclo interminável de falta de sentido. A resposta de Deus ao pecado é redimir, renovar, restaurar e recriar. A Bíblia traça esta história de salvação do começo ao fim. Embora este processo comece imediatamente após a queda, a missão de resgate de Deus culmina em Jesus Cristo, que nos resgatou da falta de sentido da maldição que nos assola. Cristo nos resgata da vaidade do mundo, submetendo-se à mesma vaidade do mundo. Aquele que é Deus escolheu sujeitar-se às condições do mundo sob a maldição da aliança, a fim de resgatar o mundo dos efeitos dessa maldição.

Versículos Chave:

“Vaidades das vaidades, diz o Pregador, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade” (Eclesiastes 1:2).

“Vaidade das vaidades, diz o Pregador; tudo é vaidade” (Eclesiastes 12:8).

“Tudo o que Deus faz dura para sempre; nada pode ser acrescentado a ele, nem nada pode ser retirado dele. Deus fez isso para que as pessoas temessem diante dele” (Eclesiastes 3:14).